Gestores da região metropolitana de Cuiabá não decidem se seguem ou não decreto estadual

o presidente do Coren-MT destacou que embora o Estado apresente o pior índice de isolamento social, o poder público continua omisso.

29.03.2021

Omissão do poder público tem sido a marca na pandemia do coronavírus, que deixou rastro de 317 mortes pela covid-19 em Mato Grosso somente entres os dias 22 e 26 de março. São mais de 10 mil novos casos da doença na pior semana desde os primeiros registros, em março de 2020. Enquanto, isso gestores municipais de Cuiabá e Várzea Grande informam que anunciarão novas medidas na segunda-feira (29).

O presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren), Antônio César Ribeiro, destaca que, no cenário devastador em que o Estado apresenta o pior índice de isolamento social, com 30% das mortes na região metropolitana, o poder público continua omisso.

“Enquanto as pessoas morrem, governador e prefeito da Capital transformam a pandemia em palanque político. Cabe a eles a decisão impositiva e coercitiva de impedir que as pessoas deixem suas casas para diminuir a circulação do vírus e o contágio. Mas, optaram por atender aos empresários, financiadores de suas campanhas”, diz, taxativo, o presidente do Coren.

Dados do boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) da última sexta-feira (26) indicavam que 187 pacientes aguardavam na fila por uma vaga em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Estado. Outras 887 já ocupavam um leito de UTI. Na última semana, o índice de mortalidade da covid-19 subiu de 199,11 para grupos de 100 mil habitantes para 208,21. São mais de 7 mil óbitos e 300 mil infectados.

O representante do Coren adverte que hoje, diante das novas variantes do vírus, ocupar um leito de UTI já é quase uma sentença de morte. “Estou convicto de que somente uma medida radical que imponha o isolamento social por 14 dias poderá conter o avanço do vírus e uma escalada ainda maior no número de mortes”.

Entre enfermeiros e auxiliares de enfermagem, que atuam em unidades de saúde e diretamente na frente de combate ao coronavírus, já são 46 óbitos em decorrência do vírus. Hoje, o Coren reúne 31.962 profissionais.

Decretos

Enquanto o contágio pela covid-19 avança em todas as regiões de Mato Grosso, tanto o último decreto estadual como do município de Cuiabá se apresentam como ineficazes em vários pontos. Enquanto o decreto municipal do prefeito Emanuel Pinheiro apontava para o fechamento dos parques municipais, a reportagem de A Gazeta verificou que a determinação não vem sendo cumprida. O Parque Tia Nair recebia visitantes normalmente na manhã deste sábado.

Já o Parque Mãe Bonifácia, que é estadual e que, conforme decreto estadual, deveria atender ao decreto municipal, também estava aberto. Inclusive com presença de frequentadores sem utilização de máscaras de proteção.

Após divulgação do último decreto do governador Mauro Mendes, na quinta-feira (25), em que transfere a decisão de lockdown para os gestores municipais, prefeito Emanuel Pinheiro recua e promete apresentar novas medidas até a segunda-feira (29). Justificou o adiamento pela necessidade de discussão das medidas com os demais municípios que fazem parte da região metropolitana.

Com isso, o prefeito de Várzea Grande, Kalil Baracat, recuou da decisão de implantar o lockdown por 10 dias, seguindo o decreto do governo estadual, apesar de anunciar que o obedeceria na manhã de sexta-feira. Logo após reunião com Emanuel Pinheiro, Kalil concordou que, neste momento, Cuiabá e Várzea Grande terão que adotar medidas em conjunto.

O Consórcio Vale do Rio Cuiabá é formado por Cuiabá, Várzea Grande, Acorizal, Barão de Melgaço, Chapada dos Guimarães, Jangada, Nobres, Nossa Senhora do Livramento, Nova Brasilândia, lanalto da Serra, Poconé, Rosário Oeste e Santo Antônio de Leverger. Com uma área aproximada de 76 mil quilômetros quadrados, esses municípios somam mais de 1 milhão de habitantes.

Em Chapada dos Guimarães, onde no dia 19 de março do prefeito Osmar Froner assinou decreto nº 35/2021, declarando o Estado de Calamidade Pública, optou por seguir as diretrizes do decreto estadual. Entre elas a proibição de qualquer atividade de lazer ou evento que cause aglomeração; proibição de atendimento presencial em órgãos públicos e concessionárias de serviços públicos e adoção de medidas preparatórias para a quarentena obrigatória, iniciando com incentivo à quarentena voluntária e outras medidas julgadas adequadas pela autoridade municipal para evitar a circulação e aglomeração de pessoas. Mas o comércio funciona em horário reduzido.

Somente em Cáceres a prefeita Eliene Liberato enfrentou grupo de cerca de 150 empresários e comerciantes que foram até a prefeitura na manhã de sexta-feira protestar contra a decisão de fechamento total dos serviços não essenciais pelos próximos 10 dias. Em seu discurso, diz que a preservação da vida dos munícipes deve ser priorizada neste momento. Admitiu que mesmo que se ampliassem os números de leitos de UTI na cidade, não resolveria o problema de colapso enfrentado pelo sistema de saúde.

 

Silvana Ribas – Jornal a Gazeta (28.03.21)

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