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O Dia da Consciência Negra e a enfermagem

Coren-MT promove filmes

19.11.2020

 

O Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, faz referência à data atribuída à morte do lendário herói negro Zumbi dos Palmares, em 1695. A data foi oficializada no Brasil em 2003, tendo sido incluída no calendário e considerada feriado em cerca de mil cidades brasileiras.

Esta é uma ocasião para refletir sobre o protagonismo do negro e sua invisibilização, diante da permanência da ideia de raça no contexto cultural local, como afirmou a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, em seu artigo “Nomeando as diferenças: a construção da ideia de raça no Brasil” (1995).

De acordo com ela, ainda que a noção biológica de raça (defendida pelos racialistas no início do século XX) tenha sido contestada pela própria ciência, continuou a ser ressignificada nos discursos do dia-a-dia (mídia, representações populares, governo etc.) e nas relações intersubjetivas.

Esta deve ser uma ocasião especial para a categoria da enfermagem, na qual negros historicamente estiveram excluídos, mesmo tendo sido protagonistas em sua construção e representando a maioria entre os profissionais. Daí a importância de reconhecer esta limitação social e de debater sobre racismo, discriminação, igualdade, inclusão de negros e manifestações culturais afro-brasileiras e africanas.

Pesquisa

De acordo com a pesquisa “Perfil da Enfermagem no Brasil”, realizada em 2013 (quando Mato Grosso contava 22,6 mil profissionais) cerca de 84,5% dos auxiliares e técnicos de enfermagem do Estado eram mulheres; 72,5% eram negros (pretos e pardos). Entre os enfermeiros, 81,8% eram do sexo feminino e 52,7%, negros. Ao todo, 45% destes profissionais trabalhavam mais de 40 horas semanais e 60% relatavam dificuldades de inserção no mercado.

Atualmente, entre os 30.921profissionais registrados em Mato Grosso, 87,5% são mulheres como a técnica de enfermagem Valdirene da Silva, de 50 anos. Natural de Araçatuba (SP) e vivendo em Mato Grosso há 40 anos, ela diz ter presenciado situações de racismo no trabalho.

“Não tenho este preconceito comigo mesma, mas vejo muitas pessoas que têm, que não se aceitam. Já vi pessoas sofrendo racismo e isso é muito doído. Vejo isso como um grande tabu, um grande transtorno, pois a cor não define o que você é, sua personalidade”.

Exposição de filmes

Em referência à data, o Coren-MT está promovendo em suas redes sociais e na sede, em Cuiabá, uma exposição de curtas-metragens produzidos e protagonizados por artistas negros de várias partes do país, que tratam da temática racial sob diferentes pontos de vista. A seleção inclui repertório acadêmico e obras premiadas em festivais.

O auxiliar de enfermagem José Benedito do Nascimento, de 51 anos, aprovou a iniciativa. Há mais de 20 anos atuando na área, ele confirma a necessidade de ações de conscientização sobre o preconceito racial.

“Aqui em Cuiabá, vejo que as pessoas são conscientes e, pelo menos no local onde trabalho, não sinto discriminação. Mas a oportunidade de assistir a este tipo de filme é importante para conscientizar a população. Para a categoria, é uma iniciativa necessária”, disse.

Confira os filmes em exibição

“Afronte“, curta-metragem de Bruno Victor e Marcus Azevedo (DF), é uma ficção com o formato documentário, que traz a história de Victor Hugo, um jovem negro e gay da periferia do DF, e as histórias de outros jovens que passam pela mesma situação. Assista: https://vimeo.com/234141762

“Café com Canela”, de Ary Rosa e Glenda Nicácio (BA), é ambientado no recôncavo da Bahia, onde Margarida, isolada pela dor da perda do filho, se reencontra com Violeta, com quem desenvolve uma forte amizade entre visitas, faxinas e cafés com canela. Assista: https://youtu.be/zjIopxnMV9E

“Para costurar folhas secas”, de Day Rodrigues (SP), é narrado pela protagonista e conta o fim de um ciclo vivido por duas jovens negras lésbicas, que revivem memórias enquanto passeiam pelo centro da cidade de São Paulo. Assista: https://youtu.be/HeaX9Hv4I-E

“Barco de Papel”, de Thais Scabio (SP) narra a história de Peninha, garoto de 9 anos que, para se safar de todas as adversidades da infeliz realidade, se transporta para um mundo de sonhos feito de papel. Assista: https://bit.ly/2UBYSFK

“As invenções de Akins”, de Ulísver Silva (MS) traz um menino que adora construir seus próprios brinquedos e, depois de ver um programa de TV, resolve fazer sozinho uma máquina diferente, tarefa que se torna um grande desafio para sua autoestima. Assista: https://bit.ly/2KjxWbR

“Preto no Branco”, de Valter Rege (SP) mostra o dilema de jovem negro Roberto Carlos que, ao correr apressado para tomar um ônibus na saída do trabalho, é confundido com um infrator em fuga e violentamente abordado por policiais. Assista: https://youtu.be/rW5DwuRQVuY

“SLAM: Rua e Resistência” , do coletivo Salve Filmes, é ambientado na Praça da Mandioca, em Cuiabá, e retrata o movimento cultural e social Slam do Capim Xeroso, um espaço de liberdade para batalhas de rima onde jovens de todas as etnias tratam de temas como machismo e racismo, tendo o “slam” como ferramenta de retomada do espaço público. Assista: https://bit.ly/3kHh0bz

“KBELA – O Filme”, de Yasmin Thayná ( RJ) trata da experiência do racismo vivido cotidianamente por mulheres negras, que vivenciam o preconceito contra os cabelos crespos. Assista: https://bit.ly/3kHG3eB

 

 

 

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