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“Podemos ter 500 tipos de agrotóxicos na água que bebemos”, diz pesquisador

Pesquisa no Paraná detecta agrotóxicos não autorizados

02.09.2019

Ao longo das Jornadas de Agroecologia, o Observatório do Uso de Agrotóxicos e Consequência para Saúde Humana e Ambiental do Paraná vem trazendo dados e denunciando o alto nível de contaminação da água no Brasil por agrotóxicos. Nesta edição, na 18ª Jornada de Agroecologia, em Curitiba, o coordenador do Observatório, Professor Guilherme Albuquerque, levantou o debate sobre a fragilidade dos níveis considerados toleráveis de agrotóxicos. Para o professor, que também integra o Núcleo de Saúde Coletiva da UFPR, não há base científica e cada vez mais fica evidente que estamos sem controle do uso e efeitos na saúde humana.

“Dos 500 agrotóxicos rotulados no Brasil, apenas 27 são pesquisados na água. Em mais de 80% dos municípios foram detectados todos os 27. Então, é possível e vai ficando cada vez mais evidente que existam os 500 tipos na água que bebemos”, diz Guilherme. Para ele, os dados mudam toda hora e além da fragilidade cientifica, existem grandes divergências entres os países. “Pois, não há evidência que os brasileiros sejam mais resistentes que os europeus. Na Europa, o glifosato está em um nível 5 mil vezes menor que no Brasil. A água que os brasileiros bebem seria considerada imprópria na Europa”, diz. O glifosato é o agrotóxico mais utilizado no Brasil e pesquisas já revelaram que pode causar intoxicação humana mesmo quando consumido em baixas doses. Recentemente, pelo atual governo, a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)fez uma reavaliação toxicológica do glifosato e liberou, considerando que o mesmo “que não causa prejuízos à saúde.”

Para o professor, “o que temos de evidente é que há adoecimento por causa destas substâncias em lugares com níveis aceitáveis. O que quer dizer que estes níveis não medem os efeitos na saúde humana. O leite materno, por exemplo, pesquisas vêm demonstrando alto nível de contaminação”, cita.

De 2007 a 2017, data do último levantamento oficial do Ministério da Saúde, foram notificados cerca de 40 mil casos de intoxicação aguda por causa deles. Quase 1.900 pessoas morreram. Segundo maior produtor de grãos do país, o Paraná é o estado com o maior número de casos relatados.

Pesquisa no Paraná detecta agrotóxicos não autorizados

Recentemente uma pesquisa foi realizada em 25 municípios paranaenses ampliando o número de substancias a serem detectadas. Pela legislação, semestralmente, as companhias de abastecimento de todo o país são obrigadas a verificar periodicamente a presença de 27 tipos de agrotóxicos. A pesquisa do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da água para consumo humano vinculado à Secretaria Estadual de Saúde do Paraná ampliou para 228 princípios ativos. A informação foi dada também na Jornada de Agroecologia, junto à atividade do Observatório, pela engenheira sanitarista Alana Fleming, que participa do programa. Ela disse que os resultados trouxeram grande preocupação. “A pesquisa realizada em 25 municípios paranaenses analisou 75 amostras e destas, em 26% foi detectado princípios ativos. Entre os agrotóxicos pesquisados, apenas um era regulamentado e autorizado”, explica. O Programa entrou em contato com o Ministério da Saúde solicitando revisão da portaria aumentando os níveis.

Sobre o Observatório

O Observatório é uma parceria entre o Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva – NESC, da Universidade Federal do Paraná, o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção ao Meio Ambiente do Ministério Público do Paraná e o Ministério Público do Trabalho no Paraná – PRT 9ª Região. Tem a finalidade de monitorar o uso dos agrotóxicos e suas consequências para a saúde, por meio da realização de pesquisas, divulgação de informações e coleta de dados sobre contaminações por agrotóxicos pela notificação popular.

Fonte: Brasil de Fato

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Setembro Amarelo: Como ajudar na prevenção ao suicídio

A cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio no mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde). E falar em suicídio não é falar sobre algo pesado, mas chamar atenção para uma questão de saúde pública.

Pensando nisso, desde 2015, o mês de setembro é dedicado à prevenção e a construção de medidas saudáveis para discutir o tema — deixando de lado qualquer tipo de preconceito.

A partir deste domingo (1º), apresentaremos a campanha SetembroAmarelo do Brasil, uma inciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Suicídio é uma questão de saúde pública
De acordo com dados da OMS, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano. A “violência autodirigida” é classificada pela OMS como a 14ª maior causa de morte.

No entanto, a própria organização reconhece que um dos grandes entraves à prevenção do suicídio é, justamente, a dificuldade de identificá-lo como uma questão de saúde pública.

Muitas vezes, o problema é estigmatizado e afasta o paciente da busca por ajuda profissional e até mesmo familiar.

Porém, muitas vezes, o suicídio é evitável, já que mais de 90% dos casos de suicídio estão associados a questões de saúde mental. Em 36% das vítimas de suicídio, existe o diagnóstico da depressão.

Não é preciso ter medo de falar sobre suicídio
Muitas pessoas ainda acham que falar sobre suicídio agrava ou estimula a situação. Porém, especialistas em saúde mental discordam. Na realidade, legitimar uma conversa responsável sobre o tema pode ajudar as pessoas a buscarem a ajuda adequada.

E tudo começa por construir um espaço sem julgamentos em que o tema possa ser falado.

“Conversar abertamente sobre suicídio é importantíssimo e pode ajudar muito aqueles que estão em grande sofrimento psíquico e vendo a morte como uma alternativa para dar um basta ao seu sofrimento”, explica ao HuffPost Brasil a psicanalista Soraya Carvalho.

“O ideal é que a pessoa seja escutada por um profissional especialista no assunto ou por voluntários do CVV, que recebem treinamento para abordar pessoas em risco de suicídio. Entretanto, a família, um amigo ou um professor podem ajudar muito sem que tenham um preparo especial para lidar com tal assunto, desde que sigam algumas recomendações básicas e fundamentais”, completa.

Setembro Amarelo: Como ajudar na prevenção ao
ITAKDALEE VIA GETTY IMAGES
Pensamento sobre a morte é uma coisa, ideação suicida é outra
Há uma diferença, no entanto, que precisa ser pontuada. Pensar sobre a morte é algo mais comum. Todo mundo já se viu em uma situação em que imaginou o fim da vida. No entanto, a ideação do suicídio é algo mais grave. Ela surge no momento em que a pessoa pensa que não há mais qualquer valor em se manter vivo.

As pessoas sentem que a dor e o sofrimento são impossíveis de ser superados, insuportáveis e intermináveis. Sozinhas, elas não conseguem perceber que podem ter ajuda e que, muitas vezes, está acontecendo na cabeça delas uma distorção da realidade vivida.

Em queda no mundo, os casos de suicídio avançam entre os jovens brasileiros
A OMS já deu o alerta: o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens.

No Brasil, a média de suicídio entre pessoas dos 15 aos 29 anos é de 5,6 mortes a cada 100 mil jovens — 20% acima da média mundial, segundo as pesquisas pesquisa Violência Letal contra as Crianças e Adolescentes do Brasil e Mapa da Violência: os Jovens do Brasil.

Fator importante nessa equação, o Brasil é também o país com a maior prevalência de depressão da América Latina. A doença afeta 5,8% da população e os números elevados também acompanham a escalada do suicídio no País.

Na contramão do resto do mundo, a taxa de suicídio entre adolescentes de 10 a 19 anos aumentou 24% entre 2006 e 2015. Hoje, é a quarta maior causa de morte entre os jovens brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde.

Assim como na ficção, como foi ilustrada pela série 13 Reasons Why, produção da Netflix, muitos adolescentes estão pedindo ajuda.

Os pais, familiares, amigos, colegas e professores enfrentam uma busca por conseguir identificar essas mensagens, que muitas vezes chegam codificadas e mal se traduzem em palavras.

Desinformação e vergonha: Como os jovens enxergam a depressão
Segundo a pesquisa Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a Saúde Mental, realizada pelo Ibope Conecta, os jovens brasileiros sabem pouco sobre a depressão, sentem vergonha de falar sobre o assunto e não estão convencidos sobre a importância do tratamento.

Para 26% dos entrevistados de 18 a 24 anos a depressão é uma “doença da alma” e quase um terço deles (29%) não acredita que a depressão é uma doença que possa ser tratada.

Quando se analisa um grupo ainda mais jovem, dos 13 ao 17 anos, a situação também preocupa. Para 23% deles, não existem sintomas físicos na depressão, porque ela não seria uma doença, mas “apenas um momento de tristeza”.

A adolescência e o início da vida adulta são períodos complexos. E quando falamos em suicídio e transtornos de humor, isso inclui aspectos fisiológicos, sociais e culturais, muitas vezes misturados às experiências de traumas ou perdas de nossas próprias vidas.

“Há, nos jovens, uma força pulsional e uma dificuldade de esperar e transformar esta força em pensamento. A impulsividade é normal no adolescente e é um dos motivos para que a maioridade penal seja a partir dos 18 anos. Os adolescentes precisam de adultos próximos, como pais e professores, que os escutem com paciência e acolhimento e os ajudem a pensar”, explica o psicanalista Roosevelt Cassorla ao HuffPost Brasil.

Para o psiquiatra Teng Chei Tung, muitas vezes, características que podem sugerir quadros depressivos e um risco aumentado para o suicídio são confundidas com estereótipos associados a uma determinada faixa etária.

“O jovem enfrenta essa pressão de ser um adulto pleno e suficiente. É um momento de transição que traz consigo questões existenciais importantes. É um grupo mais vulnerável também por enfrentar um conflito na comunicação. Muitas vezes, os jovens só conseguem construir uma ponte de apoio entre eles, e o adulto acaba se distanciando do que está acontecendo no mundo interior”, explica em entrevista ao HuffPost.

Dados sobre a depressão entre os jovens no Brasil

– 39% dos adolescentes de 13 a 17 anos afirmam não se sentir à vontade para compartilhar com a família caso recebessem um diagnóstico de depressão

– 56% dos jovens de 18 a 24 anos afirmam que não falariam sobre a depressão no trabalho ou na universidade

– 34% dos adolescentes de 13 a 17 anos dizem que não tomariam antidepressivos mesmo que o médico os prescrevesse

Fonte: Pesquisa Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a Saúde Mental

A prevenção ao suicídio
Mas como, então, ajudar na prevenção ao suicídio? Para a neurologista Elizabeth Bilevicius, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o primeiro passo é posicionar a depressão como uma doença e legitimar o que o paciente sente como um sintoma que pode ser trabalhado.

″É uma forma de encorajar sua busca por ajuda, criando um entorno social mais empático e mais bem informado para ajudar as pessoas”, explica a especialista.

Se você convive com a depressão ou conhece alguém próximo, um lembrete simples pode ser o mais importante de todos: é mais importante ouvir do que falar.

Parece simples, mas o desafio de quem quer acolher uma pessoa que está mergulhada em grande sofrimento é simplesmente não fazer julgamentos prévios, baseados em ideias como “quem ameaça não se mata” e “quem quer morrer não avisa”.

Além disso, precisamos afastar as interpretações como “suicídio é um ato para chamar atenção, manipular, de fraqueza, de covardia, de coragem, de falta de fé, de Deus ou de amor” e também evitar os rótulos de que é “pessoa fraca” ou “desequilibrada”.

E lembre-se. Nunca minimize, desvalorize, compare, rotule, abandone, incentive ou desafie a pessoa que cogitou suicídio. Mas sempre busque levar a sério, escutando sem julgamento, oferecendo ajuda e acompanhando a dor do outro.

Homens: Tabu e desinformação

– 30% dos homens afirmam que depressão é “falta de fé” — entre as mulheres, o percentual é de 17%

– 55% acreditam que basta ter uma atitude positiva para superar a depressão

– 29% dos homens acham que depressão é sinal de fraqueza

Fonte: Pesquisa Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a Saúde Mental

Leia nossa série especial Quebrando o Silêncio em torno do Suicídio

Caso você — ou alguém que você conheça — precise de ajuda, ligue 141, para o CVV – Centro de Valorização da Vida, ou acesse o site. O atendimento é gratuito, sigiloso e não é preciso se identificar. O movimento Conte Comigo oferece informações para lidar com a depressão. No exterior, consulte o site da Associação Internacional para Prevenção do Suicídio para acessar uma base de dados com redes de apoio disponíveis.

*A jornalista participou do lançamento da campanha “Na Direção da Vida – Depressão sem Tabu”, conduzida pela UpJohn, apoiada pela Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA) e pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) a convite da área de Medicina Interna da Pfizer.

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