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Hospital diminui número de cesáreas com inclusão de doula e obstetriz

Mudanças na rotina fazem parte de projeto de extensão da UFSCar

18.12.2019

A incorporação de novos profissionais e a mudança nas escalas de trabalho na área obstétrica e neonatal do Hospital de Fornecedores de Cana (HFC) de Piracicaba, no interior do estado de São Paulo, foram algumas das medidas que contribuíram para a redução do número de cesáreas (de 70% do total para 40%) e para a melhoria do atendimento às pacientes e aos recém-nascidos na unidade. As mudanças na rotina do hospital fazem parte de um projeto de extensão da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) iniciado em setembro do ano passado.

De acordo com o coordenador do projeto, Humberto Hirakawa, a situação encontrada no hospital não divergia da realidade da assistência obstétrica brasileira como um todo – com uma postura mais intervencionista, troca de profissionais a cada seis ou 12 horas, condutas não padronizadas e assistência centrada no médico.

“A assistência precisa ser estruturada na relação médico-enfermeira-obstetriz permitindo uma atuação que une técnica e prática”, defende o docente da UFSCar, destacando que a consultoria teve início no ano passado, com o diagnóstico da situação.

Dessa forma, foi proposta à direção do hospital uma reorganização do trabalho com a incorporação de novos profissionais, como obstetrizes e doulas, e com a horizontalização do cuidado por meio de uma escala de horários que permitia que os mesmos profissionais estivessem todos os dias no hospital, ao menos durante seis horas. Para o professor, a presença de uma mesma equipe de profissionais transmite mais segurança para a gestante e a continuidade dos procedimentos destinados ao atendimento às pacientes. As intervenções começaram a ser feitas em fevereiro deste ano. E os resultados foram imediatos.

A enfermeira obstétrica Nara Laine Caetano foi uma das apoiadoras do projeto em Piracicaba. Ela relata que atuou ao lado dos profissionais do hospital para mudar o olhar sobre o processo do parto e da assistência à mulher, destacando a natureza fisiológica que, na maioria das vezes, necessita de suporte, e não de intervenções.

“Oferecer uma dieta diferenciada à mulher em trabalho de parto e a adequação na ambiência dos quartos, criando condições mais favoráveis para o parto, são mais eficientes que intervenções feitas rotineiramente sem a devida comprovação de seu benefício”, destaca Nara.

Também foram adotadas medidas de padronização nas condutas de cuidado à gestante, aperfeiçoamento do sistema de classificação de risco e implantação de sistema de identificação precoce de pacientes com potencial de piora.

Além da redução do número de cesáreas, foi registrada diminuição da taxa de ocupação dos leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal (de 80% para 45%). “Esse dado é bem curioso, porque não houve nenhuma medida específica com relação a isso, é consequência direta da melhoria da assistência à mãe no trabalho de parto. O resultado benéfico é que diminuiu a taxa de ocupação, os bebês nasceram melhor. Houve menor taxa de complicações respiratórias relacionadas ao nascimento operatório, o que acaba por vezes encaminhando o bebê para a UTI neonatal”, destacou Hirakawa.

Outros resultados positivos foram a diminuição no número de episiotomias (incisão efetuada na região do períneo para ampliar o canal de parto) e o aumento no número de partos com acompanhantes.

De acordo com o professor Hirakawa, o projeto de extensão está disponível gratuitamente aos interessados em implantá-los em hospitais e maternidades. “A intenção é que sirva como uma produção científica em que as pessoas possam usar como modelo, é gratuito e disponível para todos. Já a consultoria fica à disposição caso seja do interesse de cada instituição”, explicou o médico.

Quebra de paradigma
Para o diretor técnico do HFC, Miki Mochizuki, o trabalho desenvolvido pela UFSCar quebrou o paradigma do serviço hospitalar no município. “Houve uma imediata inversão do número de partos cirúrgicos em relação aos partos vaginais. Tradicionalmente, a grande maioria dos partos era por via cirúrgica e isso foi invertido logo nas primeiras semanas de atuação”, afirmou o diretor.

“Os números mostrados e os resultados foram um ponto de inflexão para o modelo de trabalho dos médicos mais antigos da casa, que entenderam que é possível instituir mudanças naquilo em que são experientes e que essas mudanças podem colaborar para produzir uma melhor assistência à população”, relata o médico.

Mochizuki aponta que as ações implementadas pela UFSCar terão continuidade. “Um projeto como esse necessita de supervisão e estudo a longo prazo para que seus efeitos sejam incorporados e passem a ser a rotina do serviço”, conclui.

Fonte: EBC

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